sábado, 12 de maio de 2007

Mentalidades dos séculos XV - XVI

Renascimento

O Renascimento é considerado um dos mais importantes momentos da história do Ocidente entendido por muitos estudiosos como a ruptura entre o mundo medieval, com suas características de sociedade agrária, estamental (nobreza e alto clero; comerciantes; artesãos, camponeses livres e baixo clero; servos), teocrática e fundiária, e o mundo moderno urbano, burguês e comercial.

Mudanças significativas ocorrem na Europa a partir de meados do século XV: a Europa medieval, relativamente estável e fechada, inicia um processo de abertura e expansão comercial e marítima. A identidade das pessoas, até então baseada no clã, no ofício e na propriedade fundiária, encontra outras fontes de referência no nacionalismo e no cultivo da própria individualidade. (Clã – Aglomeração de famílias que são ou se presumem descendentes de ancestrais comuns.)

Uma mentalidade mais laica foi se desligando do sagrado e das questões transcendentais para se ocupar de preocupações mais imediatistas e materiais, centradas principalmente no homem. Embora as dúvidas metafísicas que ocupam o pensamento humano desde a Antigüidade continuassem como objeto de reflexão, há crescente interesse por um conhecimento mais pragmático do que meramente especulativo.

Diferentes visões do Renascimento

Segundo alguns historiadores, essas transformações deram origem a uma mentalidade renovadora, repudiando o misticismo e o conservadorismo próprios do feudalismo.
Esses pensadores avaliaram de forma positiva as mudanças que abalaram primeiramente a Itália depois os demais países da Europa. Essas mudanças foram responsáveis: pelo desenvolvimento do comércio, da navegação e do contato com outros povos; pelo crescimento urbano e pelo recrudescimento da produção artística e literária. Por tudo isso e pela retomada de princípios norteadores da cultura greco-romana, rejeitados, em parte, pelo pensamento medieval, esse movimento recebeu o nome de Renascimento sinônimo da importância que passou a ser dada ao saber, à arte e à erudição.

Para os historiadores mais pessimistas, o Renascimento significou: a falta de unidade política e religiosa, os conflitos entre as nações que se formavam, as guerras intermináveis e as perseguições religiosas, desenvolvidas no esforço de organização de um mundo que agonizava.
Um sentimento de insegurança e instabilidade está presente na produção cultural dessa época de profunda transição.

A retomada do espírito especulativo

O Renascimento representa uma nova postura do homem ocidental diante da natureza e do conhecimento. Juntamente com a perda de hegemonia da Igreja como instituição e o conseqüente aparecimento de novas doutrinas e seitas conclamando seus seguidores a uma leitura interpretativa dos textos sagrados, o homem renascentista redescobre a importância da dúvida e do pensamento especulativo.

O conhecimento deixa de ser encarado como uma revelação, resultante da contemplação e da fé, para voltar a ser, como o fora para os gregos e romanos, o resultado de uma bem conduzida atividade do pensamento. Filosofia, ciência e arte se voltaram para a realidade concreta, para o mundo, numa ânsia por conhecê-lo, descrevê-lo, analisá-lo, quer por meio de instrumentos e técnicas, quer por meio da pena e do pincel.
O visível é também inteligível”, afirmou Leonardo da Vinci, aludindo às possibilidades de conhecimento pelo pleno uso dos sentidos e da mente. A vida terrena parece adquirir cada vez mais importância e com ela a própria história, que passa a ser concebida de um ponto de vista eminentemente humano.Estimulado pelo individualismo e liberto dos valores que o prendiam irremediavelmente à família, o homem assume seu papel na história como agente dos acontecimentos. Ele rejeita as teorias que o apresentam como pecador e decaído, um ser em permanente dívida para com Deus.

A arte expressa de forma ímpar essas transformações: Shakespeare, cujos personagens parecem ter engendrado as características do homem moderno, evoca constantemente em suas peças as dificuldades humanas diante de sentimentos contraditórios e da liberdade de ação. “Esse o homem novo do Renascimento: aquele que se liberta da tradição pela dúvida e confirma seu valor através dos resultados de seus esforços; aquele que confia em suas experiências e em sua razão; o que confia no novo, pois assume sua realização dentro do temporalidade”. PESSANHA, José Américo Motta.

É nesse ambiente propício de curiosidade, dúvida e valorização humana que o pensamento científico adquire nova importância e, com ele, o interesse pelo entendimento da vida social. O desenvolvimento das cidades e do comércio, as viagens marítimas, o contato com outros povos desafiavam os homens a pensarem a sua realidade e a compararem diferentes culturas. Descobertas de riquezas, de terras, de regiões alimentavam a imaginação do homem renascentista, que passou a valorizar o “novo” e a considerá-lo sinônimo de “maravilhoso”. Estimuladas por ele - pelo “novo”- , as pessoas rompiam com o passado e buscavam novas explicações para um cenário diferente que se descortinava e para o qual as antigas crenças não serviam mais. Até mesmo o desenvolvimento tecnológico, que se torna cada vez mais acelerado, revoluciona a maneira de olhar o mundo, provocando mudanças nas relações humanas e na produção material da vida.

Ao criar a prensa, Gutenberg dá à Europa o instrumento que faltava para saciar a ávida necessidade da comunidade livre pensante de ler os clássicos, realizar pesquisas empíricas, elaborar hipóteses e torná-las conhecidas. Assim se inicia um processo irreversível de divulgação do conhecimento e de hegemonia da cultura letrada, aspectos de importância para o desenvolvimento da ciência e do conhecimento. As pessoas passam a buscar nos textos sua coerência, traço indispensável para sua credibilidade e legitimidade. A reflexão e a argumentação substituem a noção medieval de verdade revelada.

4 comentários:

Flávia disse...

Oi Patrícia!
Gostei da forma como você reorganizou seu Blog.
Agora ficou bem legal.
Ótimo trabalho!

Anônimo disse...

Muito bom o conteúdo, espero que durante o ano letivo temos alcançado os nossos princípios, sobretudo da Sociologia.

By: Janei Guimarães

Anônimo disse...

Oi prof...
muitO legal esse novo modo de aprendizagem de vcs...
sair um pouco do ambiente escolar,é interessante,a postagem ficou otima...

bjOOs
Bruna 2mc

Anônimo disse...

Oii prof.
Passei aqui no Blog e vc está de parabens...
O bom e que fica bem mas fácil de acompanhar a matéria.
Valew pela ajuda!!!
Bju :*
S2
Sirlane 2ºMN